ANELITO DE OLIVEIRA - De repente, Amilcar de Castro (1920/2002). A lembrança desse ícone de uma "pensée sauvage" na produção artística dos anos 50 para cá. Não só brasileira, mas geral. De um específico - territorial, cultural, econômico etc - a uma desespecificação. Outra margem, outra mancha, a mancha da margem. Em face da sua obra, é sempre o mesmo soco: não basta estar, é preciso ser. Estar, no sentido de uma consciência sobre a própria localização, é uma condição-impulso. Como tal, insuficiente. Ser é o próprio impulso. Há, sem dúvida, uma ontologia em Amilcar. Com finalidade poética, não filosófica. Claro. Escuro. Onde o sujeito de um conhecimento em Amilcar se localiza é lá - no escuro. Lá, naquela privação de luz, ele está. Não sendo. Desejoso de chegar a ser. Daí o movimento. Para fora. Para dentro. Para o meio. Movimento bruto que racha a matéria. O movimento de uma verdade. Movimento bruto de um puro ser. O movimento-Amilcar para lembrar aqui (no fragmento da imagem no cabeçalho, gravura da última fase do artista mineiro) um fato: os 50 anos do "Manifesto Neoconcreto" (1959).
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