A Valentim Facioli
Alguns não podem tomar partido
Porque já são o partido
Alguns não podem tomar partido
Porque já estão partidos
Porque são o que o partido fez
Com eles com elas com todos
Com todas que o partido filiou
Onde quer que tenha atuado
Ou ainda esteja atuando, eles,
Elas, os alistados do partido,
Agora são apenas uma parte do
Processo que os partiu, não são
Mais o que eram um dia, foram
Partidos como madeira bruta em
Carvoeira, foram partidos ao
Meio, ao lado, ao centro, abaixo,
Ao fundo, em cima, partidos a
Golpes de machado, partidos
Aleatoriamente e, à maneira
Histórica, queimados, nas cinzas,
As partes desiguais vão revelando
O processo que se processou,
Partes que já não pertencem a um
Mesmo todo, pedaços de muitas
Árvores de uma mesma vida agrária,
Que o partido sempre exaltou nos
Movimentos pela cidade, que agora
Se desconhecem porque foram
Reduzidos a partículas contraditórias
Porque foram convertidos em coisas
Que agora se confrontam num só
Corpo que agora não cabem num
Mesmo corpo, o corpo do homem
Partido, do precariamente humano,
Para alguns, não há partido a tomar
Porque já tomaram todos porque
Já partiram tudo que tinham a partir,
Para alguns, não é mais possível
Tomar partido como expressão de
Determinada causa porque não há
Mais a dimensão da causa, não há
Uma verdade em causa, há apenas,
Como efeito das tantas causas, este
Desconhecimento do que se é no
Mundo agora com suas velhas urnas
Cercadas pelos mesmos candidatos
Anelito de Oliveira
Belo poema.
ResponderExcluirAbraços do Jairo