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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Clarão 11

Há uma passagem de Deleuze, nas suas Conversações, das mais marcantes: nós perdemos definitivamente o mundo. Volta e meia, essa frase ressoa nos meus ouvidos. Fico me perguntando o que quer dizer isso para além da Geração 68 francesa, à qual o pensador indomável está vinculado. Perder o mundo ainda em vida, sem ter, aparentemente, saído do mundo. Então, estar vivo não corresponde a uma relação de pertencimento com o mundo, a ter o mundo. Pode-se estar vivo sem ter posse do mundo, estar vivo e sem mundo. Mas houve um tempo em que se teve o mundo, em que o mundo era nosso. Depois, chegou um outro tempo em que perdemos definitivamente o mundo. Mas - e isso é intrigante - é possível que muitos estejam no mundo com o sentimento de que perderam o mundo sem nunca terem tido realmente esse mundo, sem nunca terem chegado ao mundo. Quem são eles? | ANELITO DE OLIVEIRA

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