ANELITO DE OLIVEIRA – Não raro me vejo propenso a colocar, ou mesmo já colocando em dúvida o sentido de escrever literatura hoje, especialmente poesia.
Vejo-me, antes de mais nada, situado nos extremos da questão –
Por um lado: onde está o sentido de escrever?;
Por outro lado: o que acontecerá, ou aconteceria, com uma desistência generalizada desse tipo de tarefa?
Claro que se um ou alguns apenas param de escrever, como Rimbaud, nada acontece, fica como fato isolado, exótico, ou não.
Mesmo se se trata de um poeta da estatura de um Rimbaud ou de um escritor da estatura de um Borges, que nunca colocou em dúvida a validade do escrever em si – há todo um “desprezo” pelo próprio trabalho em sua obra, mera vaidade -, a produção de textos literários segue seu curso.
Sem ir muito longe, tendo a concluir, naturalmente, que um ou muitos rebeldes parando de escrever – Lobo Antunes, conforme anunciado, por exemplo - não conseguem parar a literatura.
Este fato – escritores escrevendo incessantemente – sugere que escrever literatura, hoje como ontem, tem um sentido difícil, que esse escrever é uma atividade que só se explica dificilmente.
Olho em torno de mim e dos outros, o que se passa mais longe e mais perto, nas esferas global e local, e não vejo por que escrever porque não vejo, também, o quê escrever, o quê merece ter lugar na literatura.
Intolerância?
Intransigência?
O quê, num mundo absurdamente banal, demanda uma crônica, um conto, um romance ou um poema? Se o mundo como um todo não demanda, o quê, especificamente, demandaria no mundo a literatura hoje?
Demanda do mundo; demanda no mundo.
Não é só o mundo em geral que está imerso na banalidade, mas também todas as partes do mundo, todas contaminadas por uma dose assustadora de banalidade.
Certamente, é o caso de fazer literatura com toda essa banalidade, e é o que a maioria está fazendo: literatura com banalidade. Para gente banal consumir, claro.
Não há dúvida que, envolvida numa relação com assunto e público banais, a literatura se perde enquanto discurso outro, convertendo-se em lugar comum discursivo. Deixa de ser literatura, portanto.
Tal como o mundo, tal como o homem, a literatura à base de banalidades hoje é a ostentação de uma política do mal que denuncia e condena a própria literatura como instituição cínica.
Vejo-me, antes de mais nada, situado nos extremos da questão –
Por um lado: onde está o sentido de escrever?;
Por outro lado: o que acontecerá, ou aconteceria, com uma desistência generalizada desse tipo de tarefa?
Claro que se um ou alguns apenas param de escrever, como Rimbaud, nada acontece, fica como fato isolado, exótico, ou não.
Mesmo se se trata de um poeta da estatura de um Rimbaud ou de um escritor da estatura de um Borges, que nunca colocou em dúvida a validade do escrever em si – há todo um “desprezo” pelo próprio trabalho em sua obra, mera vaidade -, a produção de textos literários segue seu curso.
Sem ir muito longe, tendo a concluir, naturalmente, que um ou muitos rebeldes parando de escrever – Lobo Antunes, conforme anunciado, por exemplo - não conseguem parar a literatura.
Este fato – escritores escrevendo incessantemente – sugere que escrever literatura, hoje como ontem, tem um sentido difícil, que esse escrever é uma atividade que só se explica dificilmente.
Olho em torno de mim e dos outros, o que se passa mais longe e mais perto, nas esferas global e local, e não vejo por que escrever porque não vejo, também, o quê escrever, o quê merece ter lugar na literatura.
Intolerância?
Intransigência?
O quê, num mundo absurdamente banal, demanda uma crônica, um conto, um romance ou um poema? Se o mundo como um todo não demanda, o quê, especificamente, demandaria no mundo a literatura hoje?
Demanda do mundo; demanda no mundo.
Não é só o mundo em geral que está imerso na banalidade, mas também todas as partes do mundo, todas contaminadas por uma dose assustadora de banalidade.
Certamente, é o caso de fazer literatura com toda essa banalidade, e é o que a maioria está fazendo: literatura com banalidade. Para gente banal consumir, claro.
Não há dúvida que, envolvida numa relação com assunto e público banais, a literatura se perde enquanto discurso outro, convertendo-se em lugar comum discursivo. Deixa de ser literatura, portanto.
Tal como o mundo, tal como o homem, a literatura à base de banalidades hoje é a ostentação de uma política do mal que denuncia e condena a própria literatura como instituição cínica.
Por vezes, sentimo-nos incomodados ou engolidos por uma pseudoliberdade atribuída ao fazer literária. Chamo "nós" a todos aqueles que reconhecem e que se deixam tocar pelo belo trabalho empenhado pela imensidão das letras. Machuca-me profundamente perceber essa libertinagem construída em torno da literatura, quer dizer, em um certo ponto a literatura se esvaziou e se tornou tudo o que pudesse se materializar através dos escritos. Penso que há uma distorção entre a individualidade do que é subjetivo e o poder tornar literário qualquer coisa, só porque partiu de uma subjetividade. Alegro-me, ao saber que alguém tão mais bem relacionado e "interagido" com as letras do que eu, o admirado Professor Anelito, empenha-se em manusear os seus preciosos escritos em prol de algo por mim humildemente compartilhado; mais uma vez disse tudo sem nunca titubear: literatura banal para os banais, para o que vemos por aí, sem aquela literariedade, sem aquele quê, qualquer coisa que não literatura, banalidades. seguino sempre, anotando tudo o que o senhor diz, penso que a solução para esse seu protesto, com o qual corroboro, reside em não nos deixarmos guiar por trivialidades em nossas vidas, penso que a literatura é, antes de qualquer coisa, a escrita dos que são irreversivelmente humanos para os seus iguais; e se compartilham de banalidade, há um discurso banal, há um trabalho maldito e vicioso da propagação do banal.
ResponderExcluirFlávia Figueirêdo