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domingo, 30 de dezembro de 2012

POESIA | Anelito de Oliveira

Traços


1.

Escrevo porque sofro,
Todos os sopros – a
Partir de lá, aqui,
Onde desabo – corpo

2.

Se houvesse o absoluta-
Mente absoluto, tudo
Estaria seguro numa
Única mão – sem dedos

3.

Falar em meio, falar
No meio das coisas,
Sem palavras, com as
Coisas, o inaudível

4.

O que estranha-me é
Que não haja entranha,
Que a superfície seja
A face toda no rosto

5.

Quando tiver tempo,
Chegarei a tempo de
Encontrar o que não
Me agrada, quando




NOTA: Estes poemas, até então inéditos, foram escritos em julho de 2010, no trajeto São João del Rei/Belo Horizonte. São esboços de algo ainda por vir, traços para um desenho que ainda desconheço - e talvez seja isso mesmo a poesia. Encontram-se publicados atualmente também no blog Cantar a pele de lontra, do poeta paulista Cláudio Daniel. Anelito de Oliveira