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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

LITERATURA | Criação

sétima carta
não é que queiramos, mas a descontinuidade nos constitui. se eu disser o seu nome aqui, pensarão que diz respeito apenas a você. não. claro que não. a descontinuidade é algo ambivalente, ou mesmo polivalente, vale-age pluralmente. você não ia, mas dizia que ia. eu ia, pelo menos desta vez. fui. lá estava o lugar - deserto, à espera de algum sentido, ou de um outro sentido, certamente, sempre há sentido. sabia que a chuva a impediria de chegar lá. a chuva desmanchando o cabelo. essas coisas prosaicas: chuva, cabelo, noite. mas o sentido de existir nunca passou de prosaicos desmanchamentos: alguém andando na chuva - desmanchando-se. o contrário disso é alguém olhando a chuva de dentro de casa. tudo tem nome, e diz tão pouco. não vale a pena dizer nada sobre isso. claro, não estou dizendo. espero que não diga nada.
lembranças.
eu

2 comentários:

  1. Você pode dizer meu nome q eu não direi nada.

    Seus poemas são bons, mas há quê meio masturbatório, sabe? Masturbações intelec-tucanas.

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