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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Clarão 12

O mundo não existe para quem trabalha de sol a sol em lavouras de café do sul de Minas Gerais e de arroz na China, para quem passa a noite cozinhando carvão no Jequitinhonha ou fugindo da morte nos matagais de Darfour, para quem tem que enfiar a cara no crack ou vender o sexo, ou tudo ao mesmo tempo e mais, para sobreviver nos grandes centros urbanos do país. Não podem perder o mundo aqueles que nunca tiveram o mundo, enquanto uma totalidade inteligível, que sempre estiveram alijados do mundo, mas que sempre estiveram em busca do mundo - afinal, por que se mover, de qualquer forma, se não for por uma complementação?, de tal maneira que todo movimento é denúncia de um malestar no "é", no agora. Não podem perder o mundo, portanto, os pobres, os negros, os judeus, os islâmicos, os loucos, os doentes, os índios, os aborígenes, as mulheres, os pigmeus, os comunistas, os poetas - eles ainda não chegaram ao mundo. | ANELITO DE OLIVEIRA

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