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domingo, 25 de dezembro de 2011

APROXIMAÇÃO | Derek Walcott

LOVE AFTER LOVE


The time will come
when, with elation
you will greet yourself arriving
at your own door, in your own mirror
and each will smile at the other's welcome,

and say, sit here. Eat.
You will love again the stranger who was your self.
Give wine. Give bread. Give back your heart
to itself, to the stranger who has loved you

all your life, whom you ignored
for another, who knows you by heart.
Take down the love letters from the bookshelf,

the photographs, the desperate notes,
peel your own image from the mirror.
Sit. Feast on your life.


Derek Walcott




AMOR APÓS AMOR



Virá o tempo
Quando, exaltado,
Você cumprimentará a si mesmo aparecendo
Na sua própria porta, diante do seu próprio espelho,
E cada um dará um sorriso de boas vindas,

Dirá senta aqui. Coma.
Você amará de novo o estranho que você mesmo foi.
Vinho. Pão. Seu coração regressará novamente
A si mesmo, ao estranho que tem te amado

Por toda a vida, mas que você tem ignorado
Em função de outro, que conhece você de cor.
Livre-se das cartas de amor na sua estante,

Das fotografias, das memórias desesperadas,
Apague sua imagem no espelho.
Senta. Tem festa na sua vida.



Aproximação Anelito de Oliveira




Traduzir é tarefa angustiante. O que se diz originalmente numa língua não são palavras, mas uma relação íntima com o real. Palavras são índices dessa relação, mas não a relação mesma. Na poesia, esse processo fica mais claro. Daí a convicção de muitos - minha, também - de que poesia não é traduzível. Volta e meia, todavia, vem a vontade de fazer pelo menos uma aproximação entre um código e outro, entre duas margens. Tradução como aproximação. Para além de querelas teóricas, este poema de Derek Walcott escreve difusamente o que experienciamos, sobretudo, nesta época do ano.
| ANELITO DE OLIVEIRA

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